Li recentemente um artigo que identificava três formas de resolver o défice público:
1) Aumento dos impostos
2) Endividamento
3) Imprimir moeda
A primeiro opção é a menos danosa de todas, e se for feita com transparência permite um maior controlo por parte dos cidadãos. Mas é a menos popular, porque as suas consequências são directamente sentidas pelas pessoas.
O endividamento é o caminho natural para muitos países, mas que esconde uma ratoeira... se a situação se prolongar sistematicamente, chegamos a um ponto de insustentabilidade, que é o que estamos a assistir actualmente em vários países.
Uma terceira via, a mais perigosa de todas, mas também a mais tentadora e dissimulada, consiste em imprimir dinheiro, ou seja, desvalorizar a moeda, para que fique mais barato saldar a dívida. Este conceito pode parecer estranho, até contra-natura, para quem esteja menos familarizado com o tema. Se esse é o teu caso, desafio-te a investigar um pouco sobre este assunto.
O que importa reter, é que quando as autoridades monetárias imprimem dinheiro (há vários mecanismos para fazer isso), a quantidade de dinheiro disponível aumenta, gerando inflação. A inflação é um fenómeno que ocorre pelo simples facto de haver mais dinheiro em circulação para a mesma quantidade de bens na economia.
Caso o conceito de inflação não seja tão claro para ti, faço uma ilustração simples:
Imagina uma economia onde existem apenas dois bens: uma casa e um carro. Para facilitar as trocas comerciais, foi criado dinheiro, 100 notas, que representam o valor daqueles bens. Entretanto, o banco central decidiu duplicar as notas em circulação.
No entanto, actualmente o dinheiro não tem valor intrínsico, representa apenas o valor dos bens que podemos comprar com ele. Como o número de bens não aumentou, as pessoas têm mais dinheiro mas vão precisar de pagar mais para comprar os mesmos bens. O preço do carro e da casa também vai duplicar.
Momento 1: antes da inflação
Momento 2: após a inflação
O que eu achei interessante foi perceber que há uma relação directa entre as assimetrias sociais e a inflação. Já tive oportunidade de falar num post anterior sobre o impacto destrutivo que a inflação tem sobre as poupanças. Demonstrando com números que se trata de um imposto oculto muito poderoso.
O cerne da questão está no facto de que o novo dinheiro que é criado não é distribuido pela economia de forma equitativa. Aqueles que recebem o dinheiro em primeiro lugar (governos, bancos e instituições financeiras) estão em vantagem: o dinheiro que recebem tem o mesmo poder de compra que o dinheiro já existente na economia, escolhem em que bens / sector vão aplicar o dinheiro, e dessa forma inflacionam os preços desses bens, dando origem a bolhas especulativas.
Assim que o novo dinheiro entra na economia, dilui-se com o dinheiro já existente e toda a massa monetária perde valor. Os que recebem o dinheiro de seguida já estão numa situação de inflação dos preços, ou seja, desvalorização da moeda. Há ainda aqueles que nunca recebem o novo dinheiro criado: são as pessoas que dependem de rendimentos fixos, como por exemplo, reformas.
A inflação é, por isso, um fenómeno que distorce a economia. Empobrece de forma rápida a maioria da população e enriquece uma pequena franja que é beneficiada pelo sistema ou que sabe como investir em ambientes inflacionários.
Qual é que tu achas que é a melhor forma de lidar com a inflação?
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